MÃE!!!

MÃE!!!
Ela era uma Rosa

A vida não pára!

Paciência

Lenine

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não para...

Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara...

Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência...

O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência...

Será que é tempo
Que lhe falta para perceber?
Será que temos esse tempo
Para perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para não...

Será que é tempo
Que lhe falta para perceber?
Será que temos esse tempo
Para perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para...

A vida não para...

http://www.youtube.com/watch?v=sXmWAOIWg3w


















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quinta-feira, 4 de junho de 2020

Sabe, Ju...Uma história de amor adolescente

Sabe, Ju. Ela queria muito ficar com ele. Mas ela tinha medo. Um medo terrível do que poderia acontecer. Ela tinha medo de ficar grávida quando ele a beijasse. Ainda mais depois que uma de suas amigas lhe disse que, quando a beijasse, ele enfiaria a língua em sua boca. Ela não dormiu naquela noite. Ficou apavorada. Não queria mais que o rapaz a levasse para casa. Porque ele tentaria beijá-la. Ela tinha só 13 anos, e não estava preparada para contar aos pais que estava grávida. Uma noite, ele a beijou suavemente. Ele também era um menino. Depois desse beijo, ela perguntou a uma professora se era verdade que um beijo poderia deixá-la grávida. A professora explicou que só um beijo não poderia fazer isso, mas o que vinha depois do beijo, sim. Aí ela ficou mais apavorada ainda. Depois do beijo ele passara a mão em seu rosto e em seus cabelos. Chorou. Chorou sozinha, a noite toda, e tomou a decisão de nunca mais vê-lo enquanto estivesse sozinha. Assim ela terminou com um amor lindo, que continuou por muitos anos morando no coração dele. Ela tentou viver outras histórias, mas em seus sonhos só aparecia aquele menino loiro, alto e lindo, que tinha um sorriso maravilhoso e um futuro brilhante. O único menino que sua mãe achara bonito em toda a sua adolescência, embora sua mãe não fosse de falar sobre isso. E hoje, Ju, mais de 40 anos depois, ela pensa nele como um menino lindo de 16 anos que estava na mesma escola que ela e que a amava. Nunca encontrou amor tão puro e inocente, e nunca conseguiu voltar para ele.

quarta-feira, 3 de junho de 2020

Balança, vento.

Não me lembro de que livro é. Talvez seja "Saudades", de Tales Castanho de Andrade. Um dos primeiros livros que me deixou triste. "balança, vento, balança, joga pitangas no chão. faz que nem minha esperança nos balanços da ilusão". Desde criança achei esses versos tristes. Hoje minha esperança balança num galho frágil, que ameaça se arrebentar a cada vento mais forte. Procuro me aproximar de uma amiga que eu sempre julguei fosse o ânimo da minha vida, e ela me confessa que não tem todo o ânimo que eu sempre acreditei que tivesse. Eu pergunto: o que será da minha esperança, num balanço em galho tão frágil? Preciso da companhia de alguém que tenha ânimo além do meu. Como minha irmã tinha. Prá tudo. Sempre disposta. Sempre pronta a arriscar. Sempre pronta a me fazer acreditar que as coisas poderiam, sim, dar certo. Sempre com uma solução onde todos punham problemas. Eu tento ser assim, mas não tenho a alma dela. Isso dói, porque encontrar alguém como ela é cada vez mais difícil. Encontrei uma vez, mas ela morreu numa explosão do helicóptero, e eu nunca pude esquecer a frase: "você vai se lembrar de mim cada vez que pisar num helicóptero". E assim foi. Ela, a pessoa que eu encontrei mais parecida com a minha irmã se foi numa manhã de domingo, trabalhando, porque era uma lutadora. Voava 24 horas por dia, 7 dias por semana. A alma mais generosa que conheci. E que me dava ânimo, porque acreditava que as coisas podiam ser melhores. Hoje, em meio à pandemia, eu vivo num país sem governo. Ou, pior ainda, num país com um governo genocida. Não tenho ânimo e meus amigos estão todos deprimidos. A nossa esperança está acabando. E o vento balança vigoroso, jogando as pitangas no chão... logo minha esperança cairá também. E não haverá nem Zi e nem Jô para levantá-la. O que será de nós, em tempos tão sombrios? Pior que uma guerra, pois o inimigo é invisível. Pior que terrorismo, porque este tem um culpado. E quando o culpado é o líder político do seu país? A quem pedir ajuda?

Jardim macabro

Míriam é o nome que aparece atrás. Assinatura de um quadro com um pássaro num ramo de flores. O primeiro quadro que ela pintou quando fazia aula de pintura em tela. Ela realizava um sonho que era meu; talvez por isso tenha desistido. O que me intriga é que fiz esse jardim numa hora em que eu estava aborrecida de tanto assistir a filmes e séries no computador e fazer crochê. Levantei-me e, olhando para o vaso de zamioculta semi destruído pela gata, com a casinha que havia sobra do um mini jardim também destruído por ela, peguei uns palitos de picolé e resolvi fazer as lápides. Isso foi antes da epidemia. Eu imaginei um cemitério enorme, imenso, a perder de vista. Mas eu imaginei isso como a cena de um filme, não como a realidade que atravessaríamos. Naquele dia eu não pensava em epidemia. O Covid 19 era só um vírus que aparecera do outro lado do mundo e a notícia de que ele já chegara aqui ainda não havia me atingido. Era só um jardinzinho meio macabro. Não era uma premonição, mas se tornou. Hoje temos um cemitério imenso, enorme, a perder de vista, de corpos que foram o amor de alguém, de mães, pais, maridos, esposas e filhos e irmãos. Um cemitério de um povo que não soube escolher seu líder. Um cemitério de um povo que não tem ideia de coletivo. Meu jardim vai ficar assim até a zamioculca brotar e tomar conta do vaso. Mas o impacto do jardim macabro nunca mais se apagará da nossa memória.

segunda-feira, 1 de junho de 2020

Qual a segunda coisa?

Simples assim. Não sabemos quanto tempo temos. Nem aqui, nem ao lado de alguém. Nem com um animal de estimação. Nem em um emprego. Nem numa festa. Difícil assim. Sem poder deixar para amanhã. Quando eu ainda tinha meu pai, conversávamos muito sobre tudo. Tínhamos uma ligação que ele não tinha com os outros filhos e que eu não tinha com mais ninguém. Eu contava piadas a ele que meus irmãos não contavam. Eu o chamava de você e ele não se incomodava. Éramos amigos. Andávamos de braços dados. Dançávamos juntos. Cantávamos juntos. Em casa e no coral da Igreja Matriz, onde ele cantou por mais de 60 anos. Eu cantei só por 13. E falávamos sobre terra. Sobre sítio. Sobre ir embora do país. Um dia ele me disse: "Quando você for comprar um sítio, tem que olhar duas coisas: uma, é se o vizinho "joga" a água na sua propriedade. Porque tem muita gente que faz isso. Não faz curva de nível e sempre dá um jeito de jogar a água pro seu lado. A outra é..." Infelizmente, eu esqueci. Quando a minha mãe nos ligou e disse que ele estava no hospital, já eram 23 horas. Eu saí na sacada do meu sobrado, olhei para a torre da Igreja, olhei o céu e pensei: amanhã cedinho vou lá perguntar prá ele qual é a segunda coisa. Às 4 horas minha mãe ligou dizendo que ele tinha partido. Não deu tempo. E há 22 anos e 5 meses eu carrego esse vazio de não ter perguntado antes. Claro, naquela noite em que eu saí na sacada ele estava na UTI, não teriam me deixado entrar. Mas eu não devia ter esquecido. Hoje, essa informação faz muita falta. NUNCA deixe para depois uma palavra carinhosa, um abraço, um beijo, um afago, uma pergunta. Uma demonstração de que vc se importa, um telefonema, um cumprimento, um presente, um aperto de mão, um reconhecimento. Não deixe nada prá depois. O tempo não para. E nunca saberemos o quanto de tempo ainda temos. Ao lado de alguém, de um pet, numa cidade, num emprego, numa festa, num baile... As luzes simplesmente podem se apagar. Não deixe para amanhã. Nada. Principalmente se for algo bom para alguém.