Matão, SP

Tem um rapaz lá em Matão. Lógico, tem muuuuuuuuuuuuitos. Mas esse é especial. A carteira dele estava já gasta, sem aqueles plasticinhos ordinários q tem dentro prá gente colocar documentos.
Ele estava na casa de um amigo comum. Pediu o grampeador emprestado e, pasmem!!!
Mandou grampos na carteira. Na maior. Isso já faz um tempão.
E ele continua com a carteira cheia de grampos. Talvez a gente deva fazer uma coleta na próxima festa de formatura e comprar uma carteira nova pro mocinho.
Talvez, se a gente passar o chapéu no próximo enterro, consiga uns dinheirinhos prá ajudá-lo. Mas e se ele quiser ficar com ela assim?
Ah, coitado! Talvez a gente devesse fazer uma de flanela cor de rosa prá ele, daquelas com as quais fazíamos cueiros de bebê, com beiradinhas de renda... Será q o mocinho vai gostar?
Porque, como dizíamos em outro texto, isso é coisa de b... Ou não?
Talvez o mocinho tenha especial amor por essa carteira.
Talvez seja presente da mãe morta. Ou do pai fugitivo. Ou da noiva puladeira de cerca. Vai saber.
Se for da noiva, melhor seria q ele jogasse fora a carteira com todas as fotos dela. Deles. Mulher q passou é passado. Assim como a carteira velha. Chorar por velho amor é querer o velho amor.
Como a carteira. Joga fora a carteira, moço. Não faça como eu, q tenho, bem no fundo da gaveta, da alma, do peito, uma carteira com os cantos gastos, com uma foto bem surrada, molhada de lágrimas, no fundo. Joga fora a carteira e vá prá rua seguir a banda.
A moça não vale a carteira q vc guarda...