MÃE!!!

MÃE!!!
Ela era uma Rosa

A vida não pára!

Paciência

Lenine

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não para...

Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara...

Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência...

O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência...

Será que é tempo
Que lhe falta para perceber?
Será que temos esse tempo
Para perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para não...

Será que é tempo
Que lhe falta para perceber?
Será que temos esse tempo
Para perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para...

A vida não para...

http://www.youtube.com/watch?v=sXmWAOIWg3w


















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domingo, 10 de março de 2019

Oficina literária; moça que se suicida; trecho de romance

Então, naquela ânsia incontida de buscar o impossível, ela se viu frente a frente com o infinito. Estava onde queria, afinal. Ninguém a podia mais impedir. Se quisesse, poderia voltar. Voltar para onde? Para quem? Se a morte, maldita, triste, traidora, não tivesse levado seus mais queridos, talvez ela pudesse ainda seguir, com algumas alegrias insensatas, mas ainda assim alegrias. Mas depois da primeira grande decepção com a vida, outras se seguiram, e suas forças foram sendo minadas para um subterrâneo inacessível. Seus olhos? Há muito não corriam pelo horizonte, com o consequente sorriso de observar o desenho das nuvens; seus pés não gostavam mais do marulhar, da areia, do úmido beijo do mar; seus braços não gostavam do sol, do arder da pele, da sensação da vida; seus ouvidos não se compraziam com a execução do erudito ao piano; nem seus dedos se propuseram mais a abrir a partitura preferida e dedilhar as notas por outrem desenhadas; ah, seu riso! Aquele riso lindo, gargalhante, que na adolescência despertava todo o grupo! Aquele riso no cinema, no parque, no ônibus, que despertava outros e outros, fazendo com que todos se contagiassem da festa no seu rosto! Ah, sua vida antiga, repleta de amores familiares, de confortos na varanda, de mesa farta e completa, de cantorias, apoio, de domingos plenos de amor e companheirismo... Voltar? Voltar para quem? Quem estava realmente se importando onde ela estava agora, quase nos braços do "para sempre"? Enxugando as últimas lágrimas, pensou que nunca gerara um filho. Ótimo. Não teria esse pensamento para dizer que causara uma grande perda ou uma grande tristeza irreparável para outro ser. A brisa noturna balançou um pouco seus cabelos longos, soltos como há muito, muito tempo; algumas estrelas cintilavam indiferentes; lá embaixo, alguns carros passavam, atrapalhando o descansar da madrugada; um último pensamento para seu gato branco de olhos azuis, que fora passar uns dias na vizinha, como se ela fosse fazer uma viagem. E não fora? Estava indo. Sentindo o grande vazio dentro do peito, aquele que tomava aos poucos, desde a grande primeira perda; paciência. A vida é só isso, mesmo. A sua não era uma festa, nem ela era uma princesa, como dizia seu pai. Seu reino era parco e triste. Depois do curto e simples relembrar, deu o último passo e se atirou na imensidão do nunca mais.