MÃE!!!

MÃE!!!
Ela era uma Rosa

A vida não pára!

Paciência

Lenine

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não para...

Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara...

Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência...

O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência...

Será que é tempo
Que lhe falta para perceber?
Será que temos esse tempo
Para perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para não...

Será que é tempo
Que lhe falta para perceber?
Será que temos esse tempo
Para perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para...

A vida não para...

http://www.youtube.com/watch?v=sXmWAOIWg3w


















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sábado, 28 de setembro de 2019

25 cm é muito? depende.

Então fomos tentar. - Vinte centímetros? - Não, pelo amor de Deus. É muito. Não quero. - Eu vou aos poucos, você nem vai perceber. - Não. - Tá bom. Quanto, então? - Não sei. Me deixa pensar um pouco. - Você vai ficar feliz por ter me deixado fazer isso. - Pode ser, mas ainda não estou convencida. - Olha, se for 25 centímetros, ainda vai sobrar esse tanto... - Vinte E cinco? Nem pensar. Ficamos nessa luta por alguns minutos. Eu me levantei pronta para ir embora. Mas a tentação foi maior. Houve tanta torcida para eu chegar ali, todo mundo me apoiando, e eu ia fraquejar na última hora? Resolvi aceitar a situação. - Tá bom. Pode ser vinte E cinco centímetros. E a hora em que eu vi os vinte E cinco centímetros, chorei. Não por ser muito, ou pouco, ou sei lá. Eu não estava preparada. Mas na mesma hora senti uma felicidade tão grande que valeu toda a preocupação e todo o medo. Os vinte E cinco centímetros foram tirados de mim, que estava quase em lágrimas, e seriam doados para a confecção de perucas para pessoas com câncer. Sim. Doei 25 centímetros de cabelo para a Santa Casa de São Carlos, para a confecção de perucas. Minha filha Míriam, que estava comigo, também doou 20 centímetros. Como ela tem bem mais cabelo que eu, o dela deu para duas perucas. Talvez o meu desse para duas, se fossem curtas. Não importa. Ficamos tão felizes em doar nossos cabelos que eu nem me importei com a aparência do meu. Passei a mão nele, curto, mas não tanto, e fui embora rindo, feliz, caminhando pelas calçadas super irregulares e cheias de degraus e buracos da cidade de São Carlos/SP. Não me arrependi. Agora estou na espera do meu cabelo crescer depressa para ir doar outro tanto, ou mais, talvez, pois vinte E cinco centímetros foram fáceis. Talvez na próxima eu deixe 30 ou 35. Foi muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito bom. Façam a experiência.

domingo, 10 de março de 2019

Oficina literária; moça que se suicida; trecho de romance

Então, naquela ânsia incontida de buscar o impossível, ela se viu frente a frente com o infinito. Estava onde queria, afinal. Ninguém a podia mais impedir. Se quisesse, poderia voltar. Voltar para onde? Para quem? Se a morte, maldita, triste, traidora, não tivesse levado seus mais queridos, talvez ela pudesse ainda seguir, com algumas alegrias insensatas, mas ainda assim alegrias. Mas depois da primeira grande decepção com a vida, outras se seguiram, e suas forças foram sendo minadas para um subterrâneo inacessível. Seus olhos? Há muito não corriam pelo horizonte, com o consequente sorriso de observar o desenho das nuvens; seus pés não gostavam mais do marulhar, da areia, do úmido beijo do mar; seus braços não gostavam do sol, do arder da pele, da sensação da vida; seus ouvidos não se compraziam com a execução do erudito ao piano; nem seus dedos se propuseram mais a abrir a partitura preferida e dedilhar as notas por outrem desenhadas; ah, seu riso! Aquele riso lindo, gargalhante, que na adolescência despertava todo o grupo! Aquele riso no cinema, no parque, no ônibus, que despertava outros e outros, fazendo com que todos se contagiassem da festa no seu rosto! Ah, sua vida antiga, repleta de amores familiares, de confortos na varanda, de mesa farta e completa, de cantorias, apoio, de domingos plenos de amor e companheirismo... Voltar? Voltar para quem? Quem estava realmente se importando onde ela estava agora, quase nos braços do "para sempre"? Enxugando as últimas lágrimas, pensou que nunca gerara um filho. Ótimo. Não teria esse pensamento para dizer que causara uma grande perda ou uma grande tristeza irreparável para outro ser. A brisa noturna balançou um pouco seus cabelos longos, soltos como há muito, muito tempo; algumas estrelas cintilavam indiferentes; lá embaixo, alguns carros passavam, atrapalhando o descansar da madrugada; um último pensamento para seu gato branco de olhos azuis, que fora passar uns dias na vizinha, como se ela fosse fazer uma viagem. E não fora? Estava indo. Sentindo o grande vazio dentro do peito, aquele que tomava aos poucos, desde a grande primeira perda; paciência. A vida é só isso, mesmo. A sua não era uma festa, nem ela era uma princesa, como dizia seu pai. Seu reino era parco e triste. Depois do curto e simples relembrar, deu o último passo e se atirou na imensidão do nunca mais.