Eu sou a que usa a camiseta cheia de mãozinhas. Do meu filho.
Hoje, agosto de 2014, já partiram minha irma e minha mãe.
E quando eu olho essa foto não parece que elas já se foram.
Depois que minha irmã se foi, minha mãe ficou com alguns tiques nervosos que não passaram nunca. Por exemplo, mexer SEM PARAR o dedo indicador da mão direita.
Sem parar, esfregando fosse o que fosse.
Isso começou na noite em que esperamos minha irmã chegar de São Paulo e minha mãe perguntava ininterruptamente: "Que hora chega o carro fúnebre?"
Ela não dormiu.
Eu tive alguns minutos de cochilo, somente para acordar num pesadelo maior.
Prá saber que a pior coisa da minha vida tinha acontecido.
Prá constatar que minha irmã não tinha mesmo atendido ao telefone naquele domingo, na hora do almoço, hora em que ela deveria estar chegando do hospital.
Hora em que meu irmão Miguel, o que está atrás de todos na foto, e é gêmeo dela, tinha deixado sobre a pia da casa dela a garrafa de café, com o coador já com o pó, e a água medida numa caneca sobre o fogão, prá adiantar.
Minha irmã amava um café feito na hora.
A qualquer hora.
E hoje, quando eu faço café, me lembro dela.
Na verdade, eu me lembro dela em todos os momentos da minha vida.
E a saudade, que todos dizem que um dia se torna um sentimento gostoso, dói mais.
Porque não ter mais minha irmã prá me ligar e ficar conversando à toa é muito triste.
Porque não ter mais minha irmã prá se maravilhar com qualquer bobagem é muito triste.
Tudo é muito triste sem ela.
e hoje, abril de 2018, quando muitas coisas já mudaram na nossa vida, a saudade não mudou nada.
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