MÃE!!!

MÃE!!!
Ela era uma Rosa

A vida não pára!

Paciência

Lenine

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não para...

Enquanto o tempo
Acelera e pede pressa
Eu me recuso faço hora
Vou na valsa
A vida é tão rara...

Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência...

O mundo vai girando
Cada vez mais veloz
A gente espera do mundo
E o mundo espera de nós
Um pouco mais de paciência...

Será que é tempo
Que lhe falta para perceber?
Será que temos esse tempo
Para perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para não...

Será que é tempo
Que lhe falta para perceber?
Será que temos esse tempo
Para perder?
E quem quer saber?
A vida é tão rara
Tão rara...

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida não para
A vida não para...

A vida não para...

http://www.youtube.com/watch?v=sXmWAOIWg3w


















Páginas

domingo, 6 de novembro de 2011

Feliz aniversário, mãe.

Por tantas coisas pelas quais você passou.
Pelas dores dos partos; eu sei que meu irmão nasceu sentado, e que junto com ele estava ainda minha irmã; que ambos nasceram com pouco mais de um quilo cada, no idos de 1950 e poucos.
Sei que na hora do parto dos gêmeos a sala de parto foi ocupada por uma madame que estava no hospital já há 3 dias, e que os médicos deram mais atenção a ela por ter dinheiro, e você só era uma professorinha que morava no sítio.
Sei que você foi assistida por uma irmã de caridade, uma das freiras que "tocavam" o hospital naquele tempo em que não havia crises, pois as freiras, com voto de pobreza, nada roubavam, como os provedores de hoje.
Sei que você sofreu horrores para amamentar minha irmã, pois ela era muito miúda, não tinha força prá mamar e você tinha que oferecer o seio toda hora; sei, hoje, que isso parte todo o bico do peito, e mesmo assim você amamentou. Sei que escorria sangue vermelho vivo, mas nem por um momento você recuou.
Sei que você segurou no colo meus três irmãos para a cirurgia das amígdalas, num tempo em que os médicos operavam as crianças sentadas, sem anestesia geral.
Pensa que eu não sei que doeu mais em você que neles?
Meu pai disse um dia que você era a mulher mais forte que ele conhecia, pois você teve coragem de segurar um após o outro na sala de cirurgia, quando as mulheres nem tinham coragem de entrar no hospital.
Sei que, quando eu estava para nascer, seu obstetra faleceu três meses antes, e você teve que ser assistida pelo médico do posto de saúde; ele não teve coragem de fazer cesárea, nem de chamar outro médico, nem de atestar a própria incapacidade, e eu nasci arrebentando toda você.
Não bastasse tudo isso, quando criança você passou fome, e passou mais ainda para poder estudar.
A toalha que você bordou no curso normal, com restos de linha de suas amigas ricas, está comigo, e eu sei o quanto você se humilhou para conseguir tais restos.
Elas nunca souberam das suas dificuldades.
Nem precisaram.
Pela patroa que você teve, que fazia você carregar uma criança quase maior que você. Pelo almoço, lanche e café da manhã e da tarde que essa patroa não te dava.
Infeliz seja toda a geração que dela se originou.
Sua irmã, também empregada doméstica, mas na casa ao lado, ganhava no meio do dia duas broas de fubá. Uma ela comia. Dois anos mais nova, ainda não se acostumara à fome diária e constante. A outra ela enfiava pelo buraco feito no muro: ela, menina, deslocara um tijolo no muro de barro para ver você durante o dia, pois a patroa não a deixava sair para visitar você na casa ao lado.
Você guardava a sua para comer à tarde, com algumas bananas que sobravam na carroça do seu pai. Aquelas bananas que a freguesia não escolhera por estarem maduras demais, ou verdes demais, ou já podres, cozidas pelo sol escaldande sob o qual seu pai trabalhava.
A triste história do seu pai, vítima de avc aos 33 anos, eu conto outra hora.
Sua única refeição no dia era a broa com duas ou três bananas nanicas, e mesmo assim no dia seguinte você levantava e ia novamente ao trabalho.
Por anos a fio, até que conseguiu chegar ao final do curso normal, hoje magistério.
Mãe, como comemoramos o dia dos santos na data em que morreram, pois a Igreja comemora a morte como o nascimento para o Reino de Deus, eu cumprimento você no primeiro aniversário da sua morte.
Sei que você está no céu, por essas e tantas outras coisas pelas quais você passou.
Sei que um anjo recolheu em uma caixa de ouro suas lágrimas, seus poucos lamentos, seus sorrisos doloridos e seu otimismo para apresentar ao Senhor na hora do seu julgamento.
Por isso confio plenamente que você está no céu.
A caixa de ouro com o seu nome estava cheia de sofrimentos contidos, de lutas gloriosas, de guerras travadas contra vícios, contra ímpios e contra a própria miséria.
Parabéns, mãe, no dia do seu primeiro passamento.
Saudades para sempre.
Espero em Deus que você tenha reencontrado meu pai, que você dizia que era um santo, minha irmã, que nos abandonou tão cedo, sua mãe, seu pai, sua irmã morta prematuramente, quando você tinha apenas 15 anos, e todas as pessoas que você amou.
Espere por mim, mãe, e me receba em seus braços quando eu me for.
Esse é meu único consolo.
Saudades mil de você.
Te amo.

Um comentário:

  1. Lindas palavras.
    Angela, você conseguiu narrar com sensibilidade e beleza uma vida dura de batalhas.
    Tua mãe era uma guerreira. Um anjo que Deus colocou na terra com a sublime missão de defender e cuidar dos Seus filhos.
    Minha mãe também era uma guerreira e as quatro filhas dela herdaram essa característica, assim como você e a Silvia. Tenha certeza que tua mãe está bem sob a proteção Divina. Fique bem você também, pois a tua mãe gostaria que você fosse feliz sempre! Felicidades...

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