Fotos no Orkut

Engraçado. Se não fosse deprimente.
Buscando fotos de vários parentes, amigos e conhecidos, difícil achar a minha. Fico pensando se pertenci pouco às pessoas até agora. Ou se pertenci pouco. Porque, para muitos, não haverá depois de agora. Pertenci pouco e ponto. Não terei outra oportunidade.
E me ponho a pensar no dia de ontem com minha mãe, com a amiga que encontrei, com os filhos...
Com toda a minha vida de ontem.
NÃO HAVERÁ RETORNO.
Isso é deprimente.
Minha cunhada diz que não dá prá recriar um começo, mas dá prá criar um final...
Tem fundamento.
Mas o começo mal criado, ou mal vivido, ou mal segurado, faz tão mal q não dá prá recriar a partir daqui.
Talvez dê, mas não para mim.
É uma tarefa imensa, hercúlea, muito e muito além das minhas forças.
"Porque, Verônica, acima de tudo, quero que lembres do meu riso."
Que riso, mãe? Se você sempre esteve brava, de mau humor, de mal com a vida, acordando fora de hora, com dor no corpo, sem disposição para escalar o Himalaia...
Rs
Pois é. Mãe não devia cansar, nem ter enxaqueca.
Porque os filhos não vão lembrar que você não podia, mas vão lembrar que você não quis.
Não vão perguntar porque.
Só vão saber que você não quis.
A enxaqueca não conta. Já ouvi: "Enfie essa dor no c... e faça o que tem que fazer..."
Não dos filhos. Mas também não é tão simples assim. Eu até enfiaria, se ela passasse e não mais me incomodasse. Mas quando a dor "é tão forte e não dá prá conter... é inútil insistir ou tentar esconder..."
E agora, pesquisando as fotos prá copiar algumas, vi que não há fotos minhas.
Ou, se há, são poucas.
Pararam de me convidar para festas, porque compareci a tão poucas!!!
Pararam de me visitar, porque retribui poucas visitas.
Pararam de me ligar, porque evitei alguns telefonemas.
E, quando a gente precisa, olha e vê que o sofá está velho, e vazio.
Que, se você quiser dar uma festa, já não há quem convidar.
Aí eu vou à rua e convido coxos, excluídos e desqualificados.
Meu Deus, por quê tem que ser assim?